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O dia do trabalhador e da trabalhadora. Vamos pensar um pouco sobre isso?

Foto do escritor: Ricardo MarizRicardo Mariz

Ganhamos e perdemos a vida com o nosso trabalho. Vamos pensar um pouco sobre isso? Na Esquina do Pensamento de hoje quero conversar com você sobre o trabalho em nossas vidas. Penso ser importante fazer a distinção entre trabalho e emprego.


O trabalho é maior que o emprego e nem sempre é remunerado. O emprego é fundamental – com ele colocamos o pão na mesa e criamos as condições para reproduzir a vida. Essa dimensão é fundamental, em especial, quando no país já passamos, segundo o IBGE, de 14 milhões de desempregados. Precisamos encontrar saídas e soluções de inclusão e não soluções que descartam pessoas.


Mas o trabalho é mais que o emprego. O trabalho é a nossa intervenção que ajuda na organização da vida, assim existe o trabalho de ser mãe, o trabalho dos avós por exemplo. O trabalho é a forma que a gente se inscreve no mundo adulto.


Olha só, você já percebeu como as crianças levam a sério suas brincadeiras? Como elas incorporam os personagens e papeis? Pois bem, o trabalho é a nossa brincadeira de gente grande. Olha a forma que você leva a sério o seu papel na organização, na família e na sociedade? É a forma que encontramos para construir parte do sentido para nossa vida. Quantas vezes nos apresentamos, por exemplo, colocando o nome da organização que trabalhamos como continuidade do nosso nome – fulano de tal lugar (vira o nosso sobrenome ou o nosso primeiro nome). Nós construímos nosso trabalho, mas ele nos constitui também – somos em grande parte o que fazemos.


Com o tempo professor, por exemplo, fica com cara de professor, jeito de professor, manias de professores, doenças de professores. É assim com todos os trabalhos. Num poema lindo do Vinícius de Moraes ele descreve de um jeito excepcional isso que estou partilhando com você:


“mas ele desconhecia esse fato extraordinário: que o operário faz a coisa e a coisa faz o operário…”.

Nós ganhamos a vida com o nosso trabalho e também podemos perder a vida no com o nosso trabalho. Trabalho é mais do que produzir mercadorias, o trabalho é um jeito de se produzir na vida… É a nossa inscrição social no mundo adulto. Nossa brincadeira de gente grande como disse. Por isso que tratar o trabalhador ou o trabalhadora como uma mercadoria ou um ativo da empresa é uma redução muito grave. Com o nosso trabalho construímos o mundo que temos: com tudo de belo e que problemático.


Olha ao seu redor agora – quase tudo que você pode perceber é fruto da ação de um trabalhador ou de uma trabalhadora. Mas olha só, nós também somos fruto do nosso trabalho e do trabalho dos outros.


Um grande abraço e até a próxima Esquina.


Autor: Ricardo Mariz

Doutor em Sociologia, Mestre em Educação e Pedagogo. Membro do Grupo de Pesquisa Diálogos em Sociologia Clínica da Universidade de Brasília. Conselheiro do Movimento de Educação da Base da CNBB. Atuou na docência e gestão da educação básica, foi Pró-Reitor de Graduação, Pró-Reitor de Extensão e Reitor pro tempore da Universidade Católica de Brasília. Membro fundador do Grupo de Pesquisa “Cartografias dos Territórios de Aprendizagem”, financiado pelo CNPQ; Membro fundador do projeto “Esquina do Pensamento”. Autor de artigos e livros sobre educação.



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