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Mãe: um belo jeito de amar. Um dia também de angustias e frustração

Dia das mães: encontros, afetos, presentes e nossa bela invenção dos dias especiais. Na Esquina do Pensamento de hoje quero ter um “dedo de prosa” com você sobre os significados e possibilidades do Dia das Mães. De todos os dias especiais do nosso calendário anual, esse é um dos mais importantes, celebrados ou comemorados. A depender da situação de cada um é um dia também de angustias e frustração.



A nossa invenção de ter dias especiais é muito interessante. Penso que existe uma sabedoria nisso, já que no nosso cotidiano temos uma tendência desatenção. O cotidiano é o lugar por excelência da repetição e da pressa, por isso ele um lugar onde deixamos de dar importância ao que é importante. Os dias especiais servem para nos lembrar disso: sobre fatos e pessoas importantes. Claro que em alguns casos esses dias ganharam uma conotação muito comercial o que acaba reduzindo seu significado.


Sobre o Dia das Mães, penso que sua importância está relacionada ao fato de que a Mãe não é somente uma pessoa, o que já bastaria para ser importante, mas pensa comigo – Mãe é um símbolo! Um símbolo de coisas fundamentais para a nossa vida. A mãe representa o cuidado, representa a fragilidade da vida que depende do outro para existir, crescer e se desenvolver. Mãe é um síntese, uma junção de características que raramente encontramos juntas: afeto e persistência. Mãe é esse lugar, que quando se trata dos filhos, é persistente na esperança e acolhedora no afeto diante dos nossos limites.


Olha, tenho uma impressão, com a devida licença dos teólogos, que a mãe é um sacramento! Um símbolo que nos aproxima do amor que é a origem de toda a vida. Nós somos frutos do cuidado esperançoso e afetivo e a mãe é esse sinal do que realmente é fundamental em nossas vidas. O aconchego da mãe também é esse lugar onde o tempo passa de maneira diferente.


O tempo que é o grande incompreendido da nossa época, passa diferente para as mães. Para elas na verdade o tempo não passa e o adulto e a criança que somos mora no mesmo colo. A mãe-sacramento é o lugar de encontro com uma certeza, diante de tantas incertezas e fragilidades que vivemos hoje, da certeza que nos religa com a origem da aventura humana – uma origem fundada no cuidado, no acolhimento e no amor. A mãe-sacramento é o lugar onde a vergonha pelos nossos erros e limites e bem menor do que a certeza do colo que acolhe e cuida.


Bem, um feliz dia para as mães presentes, distantes e para aquelas que agora moram dentro de cada filho e filha.


Um abraço e até a próxima Esquina.


Autor: Ricardo Mariz

Doutor em Sociologia, Mestre em Educação e Pedagogo. Membro do Grupo de Pesquisa Diálogos em Sociologia Clínica da Universidade de Brasília. Conselheiro do Movimento de Educação da Base da CNBB. Atuou na docência e gestão da educação básica, foi Pró-Reitor de Graduação, Pró-Reitor de Extensão e Reitor pro tempore da Universidade Católica de Brasília. Membro fundador do Grupo de Pesquisa “Cartografias dos Territórios de Aprendizagem”, financiado pelo CNPQ; Membro fundador do projeto “Esquina do Pensamento”. Autor de artigos e livros sobre educação.

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