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Reformas: para onde vamos? É necessária? O que ela pode nos ensinar?

Você já teve uma experiência com reforma na sua casa ou apartamento? O que ela pode nos ensinar para esse momento que o país vive?




Na Esquina do Pensamento de hoje quero conversar com você sobre as reformas propostas pelo governo: reforma da previdência, reforma trabalhista, reforma do ensino médio ou reforma política.

Não me lembro nos últimos anos de um uso tão repetido da palavra reforma. Reformar é dar uma nova forma, corrigir a forma anterior. Reformamos nossa casa, por exemplo, quando precisamos de mais espaço, queremos uma nova pintura ou precisamos corrigir problemas na estrutura.

Um primeiro aspecto da reforma é o planejamento. Começar uma reforma sem planejamento é dor de cabeça na certa – a urgência de uma reforma não pode ocupar o lugar da falta de planejamento. Quando isso acontece nós sabemos que irá faltar dinheiro, faltar material, o período de chuva irá atrapalhar ou, então, faremos aquela reforma que dura uma eternidade.

Nem sempre podemos controlar tudo numa reforma, mas não devemos abrir mão que controlar o que tem controle. Um Segundo aspecto que desejo partilhar com você é a intenção da reforma. Quando reformamos nossa casa geralmente estamos movidos por dois tipos de intenção: resolver problemas (novos ou antigos) ou melhorar alguma situação.

Numa reforma a intenções precisam estar bem acertadas e declaradas. É na união entre as intenções e as condições (planejamento) é que acertaremos o que reformar, quando e, especialmente, o que vamos topar passar para fazer a reforma – vamos conviver com uma obra dentro de casa? Vamos isolar um cômodo? Vamos diminuir outras despesas?

Como em tudo na vida, existe uma distância entre a nossa intenção e nossas possibilidades. E aqui entra um terceiro aspecto, que me parece central nessa história das reformas no nosso país: os critérios que vamos adotar para fazer a reforma. Só um pouco de paciência para eu tentar partilhar com você com calma essa ideia. Na reforma da nossa casa ou apartamento eu posso desejar ampliar o meu quarto, mas para isso vou diminuir o espaço da sala ou do quarto das crianças. Que critério vou utilizar para servir de julgamento entre a minha intenção e a minha capacidade de realizar?

Posso fazer, por exemplo, uma reforma da previdência que equilibre as contas cortando privilégios ou então que equilibre as mesmas contas cortando pessoas (que precisam de uma atenção especial, por exemplo, como é o caso dos trabalhadores rurais).

Reformar a casa Brasil é uma necessidade, mas não será uma obra de fim de semana e não podemos, para arrumar a sala de estar, deixar parte dos moradores num puxadinho. Reformar a casa Brasil é pensar o lugar do Estado, o lugar das regras gerais por exemplo na regulação do trabalho, o que é essencial para nossos jovens no ensino médio, as regras do jogo da política eleitoral. São coisas muito sérias e urgentes, mas não podemos deixar de lado o planejamento, as intenções e especialmente os critérios da nossa ação.

Um abração e até a próxima Esquina.


Autor: Ricardo Mariz

Doutor em Sociologia, Mestre em Educação e Pedagogo. Membro do Grupo de Pesquisa Diálogos em Sociologia Clínica da Universidade de Brasília. Conselheiro do Movimento de Educação da Base da CNBB. Atuou na docência e gestão da educação básica, foi Pró-Reitor de Graduação, Pró-Reitor de Extensão e Reitor pro tempore da Universidade Católica de Brasília. Membro fundador do Grupo de Pesquisa “Cartografias dos Territórios de Aprendizagem”, financiado pelo CNPQ; Membro fundador do projeto “Esquina do Pensamento”. Autor de artigos e livros sobre educação.


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